sexta-feira, 30 de julho de 2010

Aviões Abatidos tem o apoio de Ana Amélia Lemos


Ana Amélia Lemos esteve, recentemente, reunida com alguns Aposentados do Aerus, demonstrando o seu total apoio à campanha Aviões Abatidos.

Emocionada, a respeitada jornalista contou na ocasião: “Eu até tenho uma certa emoção de falar porque algumas pessoas que integram esse processo me escreviam e morreram.” Ana Amélia Lemos tem divulgado a campanha Aviões Abatidos e a luta dos Aposentados Aerus de todas as partes do país em seus canais de comunicação na internet, inclusive em seu Twitter (www.twitter.com/anaamelialemos).

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Castagna Maia e SNA criticam abaixo-assinado

O texto abaixo foi escrito por Castagna Maia, advogado do processo que busca uma solução positiva para a situação dos aposentados do Aerus. O artigo fala sobre sobre um abaixo-assinado que tem circulado na internet para pedir o julgamento do Recurso número 571969 (referente ao Caso Aerus).


I
Circulou um abaixo-assinado eletrônico entre participantes do Aerus. Há uma falsificação no abaixo-assinado. Falsificação é crime. Os abaixo-assinados eletrônicos vêm ocupando uma espaço político crescente. A lei da Ficha Limpa, por exemplo, foi em grande parte empurrada por abaixo-assinados eletrônicos. A partir desse tipo de falsificação como houve agora, entre participantes do Aerus, vê-se que há o risco de descrédito desse tipo de meio como decorrência da falsificação.

II
Há poucos dias, tive um endereço de email do escritório clonado. Já havia visto isso em “spams” que buscam implantar “spywares” nas máquinas e capturar senhas. No campo “origem”, aparece o endereço eletrônico de alguém conhecido. Quando o email é aberto, normalmente oferece o atalho para alguma página eletrônica, ou oferece fotos, momento em que é implantado um programa-espião no microcomputador.

III
Foi enviado um email coletivo contendo falso campo de remetente, ou seja, constava um dos endereços eletrônicos do meu escritório. Era o contato@castagnamaia.com.br . O conteúdo do email era um atalho para um vídeo no youtube onde apareciam duas dirigentes sindicais sendo vaiadas. O tema era ridículo porque vaias são manifestação absolutamente comuns, e não é demérito para alguém receber vaias quando defende uma posição impopular, ou seja, quando não cedeu ao discurso fácil de simplesmente agradar à platéia. O vídeo dizia respeito ao caso Aerus.

IV
O que interessa é que houve crime. Houve falsificação de endereço de email, e me foi atribuído – ao meu escritório – o envio dessa mensagem, por mais ridículo que seja o seu conteúdo.

V
O caso Aerus envolve uma série de complexidades. Envolve, por exemplo, o fato de ter, como potenciais beneficiários de ações desenvolvidas, também aqueles que promoveram renegociações absurdas e correram à União para obter autorização para a dilapidação do patrimônio coletivo que faziam. Envolve gente que poderia estar na direção da patrocinadora forçando o não pagamento das obrigações, ou na direção do próprio fundo de pensão, ratificando absurdos que eram cometidos contra o universo de participantes.

VI
No ano passado, tivemos sérios problemas no Supremo Tribunal Federal em virtude de emails absolutamente ofensivos, alguns, inclusive, criminosos dirigidos contra ministros. Houve, inclusive, quem recebesse email de ameaça. E coube a quem teve audiência com os ministros argumentar quanto à insanide do que havia sido remetido, tentando minimizar as agressões feitas e buscar salvar a situação pedindo desculpas por algo que, a rigor, não se tinha responsabilidade.

VII
Há uma questão espantosa. Freqüentemente há emails circulando escritos claramente por gente com problemas mentais. É uma condição que pode ocorrer, ninguém está livre disso, do desequilíbrio, da insanidade mental. O problema fica grave quando gente que não está mentalmente doente repassa adiante automaticamente tudo o que recebe, por mais insano, por mais doente mental, por mais ofensivo que seja. Há outros que são simplesmente emails infantis: cobram o acordo exatamente de quem busca desesperadamente construir essa alternativa.

VIII
Não entro no mérito do abaixo-assinado que circulou. Não conheço a origem, não sei da opinião dos advogados da Varig em relação à oportunidade do julgamento no STF quando já foi tornado público que as negociações, finalmente, começaram a partir de audiência do SNA com o Ministro-Chefe da AGU e da Previdência Social. Chamo a atenção, nesse caso, exclusivamente para a falsificação feita.

IX
Falsificação, seja de assinatura em abaixo-assinado, seja de email, é crime. É banditismo. É algo que pode comprometer todo o esforço coletivo, toda a tentativa de construção das alternativas tanto jurídicas, como o julgamento desejado da ação civil pública, quanto das alternativas políticas que vem sendo renovadas pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas. E justamente essa tentativa aberta de destruir o que se busca construir é que chama a atenção.

X
Curioso que isso aconteça exatamente quando se disseca cada ilegalidade cometida por antigas direções das patrocinadoras e por antigas direções do próprio Aerus, sempre protegidas pelas autoridades da União. Esse tipo de situação lembra, sempre, as “infiltrações” dos órgãos de segurança – DOPS e SNI – nas manifestações de massa e nas entidades sindicais e associativas. Faziam-se de militantes exclusivamente para semear a discórdia, promover quebra-quebra e facilitar a derrota do movimento, além de dedurar tudo o que ocorria.

XI
Curiosamente, voltando ao tema atual, os emails que circulam acabam agredindo essencialmente as entidades sindicais e as associações, que nunca geriram nem a patrocinadora, nem o Aerus. Críticas e disputa política não me dizem respeito. O tema aqui discutido é outro: é o banditismo.

Fonte: http://www.castagnamaia.com.br/blog2/2010/07/banditismo

Leia abaixo o posicionamento do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) sobre o mesmo abaixo-assinado.

Um abaixo assinado que circula na internet implorando o julgamento do Recurso número 571969, que ainda está pendente de análise pelo plenário do STF, sobre a ação de defasagem tarifária, foi direcionado aos Ministros do órgão. O que coloca em cheque a credibilidade desse abaixo assinado é que, para participar, basta acessar o link http://www.petitiononline.com/RE571969/petition.html e preencher os campos com nome, email e comentário, o que possibilita que pessoas de má fé falsifiquem assinaturas e comentários em nome de qualquer pessoa.

De acordo com Graziella Baggio, secretária para assuntos previdenciários do SNA, é falsa a assinatura de número 1055, na qual consta o seu nome e um comentário. Da mesma forma que alguém ‘assinou’ em nome de Graziella Baggio, várias assinaturas podem não ser verdadeiras, o que, além de não contribuir, descredibiliza a iniciativa.

Enfim, crimes de falsificação eletrônica acabam levando ao descrédito ações realizadas dessa forma, conforme explicado no texto “Banditismo”, publicado no Castagna Maia Blog (http://www.castagnamaia.com.br/blog2). A iniciativa poderia ser positiva, mas acabou por demonstrar sua ilegalidade e fragilidade. São situações que não contribuem para a solução definitiva do caso Aerus.

O SNA repudia o ato e não se responsabiliza pela má utilização de assinaturas, como foi o caso do nome da diretora do SNA neste e em outros já detectados. Não podemos deixar que atitudes como esta tirem a credibilidade de iniciativas que poderiam ser positivas. Sobre o episódio, as medidas jurídicas cabíveis sobre a responsabilidade das falsificações já estão sendo tomadas.

A quem interessa esse tipo de atitude e suas consequências?

O SNA reafirma seu compromisso em busca da solução definitiva para os participantes do Aerus e Aeros. Estamos trabalhando arduamente nesse sentido, não perdemos as esperanças nem o otimismo, mas não podemos apoiar ou concordar com atitudes que desmoralizem ou que venham a manobrar participantes beneficiários/pensionistas e ativos, e todo o trabalho que está sendo feito para um desfecho rápido e positivo.

Fonte: http://www.aeronautas.org.br/informes/389-sna-repudia-falsificacao-de-assinaturas-em-abaixo-assinado-sobre-o-aerus

O abaixo-assinado criticado por Castagna Maia e pelo SNA pode ter sido iniciado com a melhor das intenções e por pessoas do bem, contudo, torna-se uma forma ineficaz de protesto quando facilita a falsificação por parte de pessoas de má fé. É preciso muito profissionalismo para assumir uma campanha de internet e muito cuidado quando lidamos com tecnologias tão vulneráveis. Ações desse tipo, infelizmente, podem comprometer todo o trabalho que está sendo realizado para que o governo se responsabilize pelo pagamento dos Aposentados Aerus.

Vamos continuar a luta, mas com os olhos sempre abertos para não tropeçarmos no meio do caminho.


Esse espaço está aberto para receber comentários sobre o assunto, inclusive daqueles que iniciaram a Petição. Tudo o que se quer é o bem dos Aposentados do Aerus, nada mais.



quarta-feira, 28 de julho de 2010

Amanhã (29/07) tem MANIFESTO em Porto Alegre

A pedido da Comissão dos Aposentados AERUS RS e do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre divulgamos que acontece amanhã, dia 29 de julho, uma manifestação em busca de justiça para o Caso Aerus.

O Presidente Lula estará em Porto Alegre para assinaturas do programa “Minha Casa, Minha Vida”, licitação de obras e trechos rodoviários, como a duplicação da BR 386 - entre Tabaí e Estrela.

TODOS OS APOSENTADOS AERUS, familiares e amigos estão convidados a participar do manifesto. Basta comparecer à USINA DO GASÔMETRO, às 9h, dessa quinta-feira, dia 29 de julho de 2010. O evento começa às 11h, mas é importante chegar cedo para garantir uma boa visibilidade, visto que os lugares são limitados.

Segue abaixo o comunicado das entidades:

" OS PARTICIPANTES DO AERUS NÃO PODEM DESPERDIÇAR ESTA OPORTUNIDADE DE MOSTRAR SUA INDIGNAÇÃO PELA DEMORA NA SOLUÇÃO DESSE ANGUSTIANTE PROBLEMA.

APAREÇAM COM A CAMISETA LARANJA DO MOVIMENTO OU NA COR PRETA.

REPASSE AOS SEUS CONTATOS, TELEFONE AOS SEUS COLEGAS. VAMOS MOSTRAR A NOSSA UNIÃO.

LEMBREM-SE, NÃO TEMOS DINHEIRO PARA PAGAR A MÍDIA. TEMOS QUE SER OS “ATORES”.

AS FAIXAS JÁ ESTÃO PRONTAS, ESTAMOS ESPERANDO VOCÊS.

NÃO SE OMITAM. "

É realmente muito triste que, acima dos 70 anos, idosos tenham que protestar por algo que lhes é de direito. Contudo, é preciso clamar por JUSTIÇA nesse país. Unidos, os aposentados terão força para lutar por uma vida mais digna. Faça também a sua parte, compartilhe esse blog, comente e VOTE no "Plebiscito Aviões Abatidos" no topo dessa página.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Por uma advocacia mais humana

Veja abaixo o trecho de um texto escrito pela advogada e escritora Mirna Cavalcanti de Albuquerque, uma grande defensora dos aposentados Aerus / Varig. Ela faz um apelo à Ministra Carmem Lúcia, do STF.

"Quanto aos participantes do Instituto AERUS

Esses trabalhadores brasileiros contribuíram uma vida inteira para o INSS e o tempo exigido pelo Estatuto e o Regulamento do Instituto AERUS de Seguridade Social. Ficaram e estão – os que ainda não morreram – a sossobrar em um profundo mar de descaso e desumanidade.

Muitos deles mantêm-se vivos com pouco mais de R$ 100.00 (CEM REAIS), outros, com vultosas somas que não ultrapassam os R$600.00(seiscentos reais). Por oportuno, lembro aos leitores todos que grande parte daquelas pessoas são septuagenarias – ou mais. E, mesmo a expectativa de vida estar aumentando, qualquer pessoa que viva na incerteza do amanhã, que foi e está sofrendo injustiças, que se estressa e o stress é doença que pode conduzir à morte. E muitos já faleceram e poderão ainda falecer, pode morrer em decorrência desses fatores escritos retro.

É por esse ato final que os senhores estão a esperar? Não têm pejo algum? Não lhes pesa a consciência? Desconhecem a indefectível Lei do Retorno?

Quanto à Ação que se encontra no STF com a Ministra Carmem Lúcia Antunes Rocha

Há deveres do Estado para com tais Institutos determinados em Leis. Acima e além: há deveres e direitos, no entanto, que se situam acima dessas mesmas leis e devem ser respeitados por aqueles que representam o Estado em quaiquer dos Poderes ou esferas dos mesmos.

Encontra-se agora com a Ministra Carmen Lúcia, do STF, importante processo que, em sendo aquela eminente Ministra realmente uma VERDADEIRA DISTRIBUIDORA DA JUSTIÇA ALBERGADA SOB A LUZ E PROTEÇÃO DA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, só pode dela esperar-se uma Decisão Digna de sua pessoa.

Não encontrei um só de seus votos que fosse injusto. Li-os quase todos atentamente. Sua preocupação com a justiça é flagrante. E essa sua maneira de ser lembrou-me da frase de Cervantes: “Onde há vida, há esperança“. Alegrei-me por todos os que estão a esperar o posicionamento daquela justa ministra. Extraí – e aprendi – da leitura de seus pronunciamentos, o quanto observa os Princípios Fundamentais do Direito, seu objetivo e fins, e verifiquei que busca supedâneo, sem sair da obediência ao Texto Fundamental, na Lei de Introdução ao Código Civil - LICC, interpretando teleologicamente o Direito como um todo harmônico, para objetivar as exigências do bem comum, entendido este lato sensu e/ ou stricto sensu, conforme necessário.

Alegrei-me sim, pois confio em seu senso de JUSTIÇA. Honra a negra toga que enverga.

Fecho esse parágrafo, pedindo a Deus que ilumine a Ministra Carmem Lúcia, ao mesmo tempo que lhe peço encarecidamente, olhar com os olhos do amor, da solidariedade e do entendimento humanos que alberga sua alma, e seja esse conjunto de qualidades a conduzi-la a fazer Justiça, tendo como supedâneo, a integridade de seu caráter.

Afirmo a todos, que não sou eu a advogada dessa causa. Estou a pronunciar-me por um dever de consciência. Peço a Deus a Vitória da Justiça contra a Iniqüidade que tem sido perpetrada contra as pessoas todas que integravam o corpo de empregados da VARIG e, por conseguinte, eram participantes do AERUS."

Mirna Cavalcanti na web:
Site: http://www.mirnacavalcanti.wordpress.com/
E-mail: mirnacavalcanti@gmail.com
Twitter: www.twitter.com/mirnacavalcanti

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Drama dos pensionistas do Aerus é levado ao Plenário


O comandante Ausbert Simon trabalhou durante 40 anos na Varig. Foi um dos fundadores do fundo de pensão da empresa, o Aerus. Vítima de um câncer incurável, ele morreu convencido de que deixaria uma pensão, para a viúva criar os dois filhos do casal, de cerca de R$ 6 mil. A viúva Maura Brasília Feliciano Coratti Simon, que recebe menos de 10% desse valor, enviou email ao senador Alvaro Dias (PSDB-PR) contando seu drama familiar, que é o mesmo vivido por cerca de 18 mil participantes dos fundos de pensão Aeros (Vasp) e Aerus (Varig e Transbrasil).

- Nem em seus momentos de maior pessimismo o comandante Simon poderia imaginar que um dia, depois de sua morte, sob o governo de um presidente que se elegeu em nome dos trabalhadores, a pensão que ele deixara para a sua companheira iria ser reduzida de R$ 6 mil para míseros R$ 584,00. Angustiada, dona Maria me relata, desesperada, que ela e seus dois filhos estudantes aguardam para qualquer momento a chegada do oficial de justiça com a ordem de despejo para que desocupem o apartamento onde vivem e que ela acaba de perder - contou Alvaro Dias.

Segundo o senador pelo Paraná, a viúva do ex-comandante da Varig não possui outro rendimento além da pensão. Endividada, já com o nome inscrito no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), ela não tem como alugar outro imóvel para alojar a família. Para piorar a situação, dona Maria descobriu recentemente que é portadora de um câncer de mama. Outra situação dramática é a da família do também ex-comandante da mesma Varig, Antonio José Schittini Pinto, que morreu há poucos dias. A diferença é que ele faleceu consciente de que a pensão que deixaria é insuficiente para a manutenção da família.

Alvaro Dias narrou que o comandante Antonio há um ano vinha acompanhando angustiado o drama vivido por um de seus filhos, atingido por um acidente vascular cerebral. Depois de décadas trabalhando na Varig, de ter recolhido pesadas contribuições previdenciárias, ele sentia-se impotente por não poder oferecer melhores condições de tratamento ao filho, em virtude de não receber a aposentadoria a qual deveria ter direito. Parentes acreditam que a tristeza provocada por tal fato teria antecipado sua morte. Quem escreveu para o senador contando o drama foi a nora, Junia Bernardes.

- Ela finaliza seu relato com uma pergunta que transmito aos senadores, particularmente aos que integram a bancada governista, e também diretamente ao presidente da República. Quantos outros vão ter que morrer, cansados de esperar e de viver em situação humilhante, para que este governo se sensibilize com a dramática situação na qual deixou milhares de aeronautas e aeroviários? - indagou Alvaro Dias.

No entendimento do senador, ao intervir nos dois fundos de pensão o governo se tornou responsável por eles. Alvaro Dias comentou que foi o próprio governo que, através dessa intervenção, "arrebentou os cofres" do Aerus e do Aeros, comprometendo sua capacidade de financiar aposentadorias e pensões devidas aos trabalhadores aposentados do setor aeroviário.

Os proprietários da Varig, Vasp e Transbrasil, de acordo com Alvaro Dias, não foram abandonados pelo governo. Ele lembrou que existe até a suspeição sobre procedimentos administrativos adotados na venda da Varig. O próprio Senado ouviu depoimentos sobre um suposto tráfico de influência na transação envolvendo a companhia aérea. O senador lamentou que os pensionistas não mereceram o mesmo tratamento. Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) solidarizou-se com as famílias dos ex-funcionários das três companhias aéreas.

Escrito por: Roberto Homem / Agência Senado

(Fonte: http://www.senado.gov.br/)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Este Palhaço É Meu Pai



Leia o texto de Denize Guedes, não a filha de um palhaço, mas a filha de um BRASILEIRO chamado Amaury Guedes que até hoje luta por justiça no Caso Aerus. Belíssimo texto tirado do blog http://tinylittlebox.wordpress.com.

"No princípio, ele era da manutenção. “Entelamento”, especifica com voz relevante. Palavra pouco usada, tive de recorrer ao Google para entender que nesse setor ele cuidava de reparar as telas dos lemes e profundores dos aviões. Ficou pouco lá, logo acabaram com a função e ele foi procurar um curso de telegrafista com a ideia firme de integrar a equipe de terra. Junto, tratou de frequentar a estação de rádio como ouvinte e de ficar bem de olho nos teletipos que informavam número de passageiros, horários e boletins meteorológicos aos comandantes. Quando conseguiu o posto, não tardou o dia em que informatizaram a área. Pensou rápido e deu um jeito de se encaixar como radiotelegrafista de vôo – foi assim que primeiro voou e também sofreu seu único acidente. Vieram os computadores de novo e viu mais um trabalho ir pelos ares. Como já somava alguns anos na casa, ganhou um quepe, uma farda azul-marinho da tripulação e um OK para ficar até completar o tempo de aposentadoria.

Hoje, fios negros resistentes em meio ao branco da cabeleira rala, o comissário de bordo aposentado da Varig e meu pai, Amaury Antunes Guedes, 74 anos, tem três fantasias. Não daquelas de sonhar, mas de vestir mesmo: de palhaço, alma penada e anjo. Essa última anda emprestada com Cléia, uma colega de batalha. Guarda tudo em seu carro. Abres-se o porta-mala e, feito aquelas caixas de onde pulam um palhaço, começam a sair uma bandeira do Brasil, cartolinas de cores chamativas, cartazes plastificados para pendurar no pescoço com barbante, dezenas de isopores com mensagens carregadas de humor típico deste seu Amaury. “Quem tem boca vaia Lula”, “Aerus em pratos limpos”, com logo do Fome Zero , e “Pura Tristeza”, em referência ao Partido dos Trabalhadores, são alguns deles. Quando não está na rua, em busca de estampar jornais e portais na internet, está em frente ao computador lendo as últimas notícias sobre a situação do Aerus, fundo de pensão da antiga Varig, que, sob liquidação desde 2006, atualmente paga 8% de seu benefício.

“Aproveito todo tipo de evento midiático para chamar a atenção. Somos milhares de aposentados sem receber o que é nosso direito”, diz.

Do entelamento ao protesto, algo parece unir essas duas pontas da história de meu pai: um exacerbado instinto de sobrevivência. Se em 36 anos de serviços prestados à companhia aérea que já foi a “estrela brasileira no céu azul” ele foi se agarrando de oportunidade em oportunidade para se manter vivo no campo de trabalho, em 19 de aposentadoria, segue ágil – do jeito que a artrose no joelho esquerdo permite – na briga por aquela que um dia lhe garantiram ser a melhor idade. “Minha contribuição era de 20% do salário para ter uma velhice digna e tranquila, tenho guardados os holerites com os descontos. Por isso luto”, lamenta aquele que sempre me ensinou a ser persistente e pertinaz nesta vida.

Foi a partir de 2006 que acordou do sonho da aposentadoria, com o início do processo de falência e posterior recuperação judicial da Varig. Foi também nesse ano que primeiro fez um protesto na rua. Talentoso para gerar mídia espontânea, emplacou logo uma nota com foto no “Correio Braziliense” dentro de uma matéria sobre a manifestação de funcionários públicos daquele dia: “Aposentado chora na praça”, já esboçando as principais características da figurinha fácil de qualquer grande evento com cobertura jornalística que viria a se tornar, aparece na Praça dos Três Poderes, capital federal, com a inseparável bandeira verde-amarela, os olhos marejados e um cartaz pedindo para Lula olhar pela Varig. “Peguei carona no protesto. Eu achava que Lula era a solução, ele dá dinheiro para bancos, para ruralistas, para todo mundo. Achava que iria ajudar a Varig. Estava enganado”, lembra-se.

A decepção não seria tão grande caso também não acumulasse no currículo de brasileiro anos de militância pelo PT, tempo em que se familiarizou com bandeiras e cartazes em praças públicas. Na pasta plástica em que guarda o seu clipping – ou “portfólio”, como gosta de chamar – há uma matéria da “Folha de S.Paulo” de 2006. Alto de página, foto estourada, ele segurando uma bandeira chamuscada e com rombos que ilustra um texto sobre a situação da companhia aérea à época. “Amaury Guedes, funcionário aposentado da Varig, faz protesto no aeroporto de Guarulhos (SP), onde queimou bandeira do PT”, trazia a legenda. Era o retrato das ilusões perdidas do meu pai publicado em jornal. “Lula faz coisas boas, só que a variante veio diretamente prejudicar a nossa categoria. Parece que ele detesta a Varig. Este senhor que está no hospital também tirou o corpo fora”, fala, referindo-se ao vice-presidente da República, José de Alencar, que estava internado no Sírio Libanês – onde também fez protesto.

E a coisa foi acontecendo assim. Primeiro ele despiu a roupa de militante do PT, queimou bandeiras que costumava levar para tremular na avenida Tiradentes e em passarelas da Rubem Berta (fundador da Varig, por sinal), pegou em cartazes com dizeres de cobrança e, por fim, vestiu fantasias para protestar por inteiro. Virou palhaço o meu pai. Também uma alma penada e um anjo. Os três dentro do mesmo homem. O mesmo homem dentro dos três.

Como um anti-herói tupiniquim a la Batman, atende ao chamado de qualquer fato que atraia gente com bloquinho e caneta na mão, câmera fotográfica ou de TV em riste, gravadores e celulares que carreguem vozes. Entra em seu anti-carro importado de 1999, relíquia dos tempos em que filé mignon e finais de semana em Recife eram o feijão com arroz simples que come hoje, ruma para o local de alarde, entra dentro de um anti-traje e espera que os repórteres que cobrem a pauta não o desprezem. Outras vezes, vai de ônibus e metrô com os anti-poderes levados na malinha preta de mão. “Quando vou fazer manifestação é como se me transformasse em um ator. Viro outra pessoa, não me sinto um palhaço”, conta.

Buraco do metrô de São Paulo, visita do papa Bento XVI, caso Isabella, acidente da TAM, acidente da Gol, show da Madona, protesto nu de ciclistas na avenida Paulista, instalação ao ar livre, greve da USP, fora Sarney, ele está em todas. Muitas vezes, fico sabendo por matérias na TV ou galerias de foto na Internet.



Às vezes, é ridicularizado, outras enaltecido. Não fica chateado quando o interpretam mal e sai contente quando contam sua luta. De um jeito ou de outro, vai logo correndo para o Tesouro Laser, gráfica na Praça da Sé onde faz todos os seus trabalhos de impressões e plastificações, para guardar a nova matéria. Quando é de TV e não grava na hora, procura no YouTube. No rádio ainda não falou muito.

Conhecido de profissionais de imprensa também já ficou. Um deles, editor do site Jornalirismo, Guilherme Azevedo, o convidou para ser entrevistado em uma das aulas do curso de Jornalismo Literário que conduz. Outro, um fotógrafo da “Folha”, foi cobrir uma escultura de gelo colocada em frente ao parque Trianon, na Paulista, por conta de uma campanha de conscientização contra o aquecimento global, e clicou o seu Amaury que andava por lá – como era de se esperar. Anotou o gmail do meu pai e mandou umas três fotos no mesmo dia. Eu soube através de uma ligação exultante.

Aliás, gelo. Quando ouviu falar das barras e barras de gelo que estavam derretendo sob o sol na avenida cartão postal de São Paulo, seguiu para lá o mais rápido que pôde. Foi a paisana mesmo, despido de fantasias. Queria apenas fotografar a imagem perfeita para mandar fazer um cartaz no Tesouro Laser simbolizando a situação dos seus vencimentos. “Até três anos, eu recebia R$ 5.689,00. Hoje, ganho R$ 758,00. A minha aposentadoria virou gelo, foi regredindo passo a passo”, compara. A tal foto das barras imortalizadas em gelo é das que ele mais usa para mandar e-mails para senadores e deputados. Para isso dá o nome de “passeata virtual”. Não costuma receber muitas respostas, mas já fica feliz quando voltam poucos e-mails e libera todas as mensagens que retornam com mensagem anti-spam.



E assim eu sei que ele vai até a última gota, do seu suor e do seu dinheiro derretendo com o tempo. Nos últimos dias, anda entusiasmado com um acordo que obriga o governo federal a acertar contas com a antiga Varig. Como o Aerus é o principal credor da companhia, boa parte do dinheiro deve ir para o fundo e dar sobrevida ao benefício de milhares de aposentados. “Melhor um péssimo acordo que uma boa demanda [judiciária]”, acredita.



Com sobrevida ou não, sei que de sobrevivência o meu pai entende. Está sempre por aí criando recursos e não desculpas para enfrentar as coisas da vida. Muito além das estratégias que criou nas primeiras páginas da sua carteira de trabalho, aprendeu japonês para servir a cobiçada rota Los Angeles – Tóquio na última década de sua carreira, fez um curso de informática logo que se aposentou para manter o cérebro instigado e livrou-se de medicamentos traja preta em plena depressão pós-problemas da Varig. “Fiz força e joguei tudo fora. Prometi comigo mesmo, não vou ficar dependente de remédio”.

Alguma coisa ele carrega dentro de si que o faz viver – apesar da injustiça, da incerteza e das adversidades. Quando penso que, em 1960, meu pai passou por um acidente aéreo que registrou dez vítimas fatais e saiu apenas com leves ferimentos, tenho certeza disso. Foi às 13h15 do dia 12 de abril (dia em que, 46 anos depois, pela primeira vez, o Aerus começaria a fazer pagamentos parciais). O avião PPCDS caiu logo em seguida à tentativa de decolagem de Pelotas para Porto Alegre (RS). “Morreram o comandante Barroso e o co-piloto Almeida. Sobreviveram 12. Eu fui o primeiro a pular, tinha gasolina pelo corredor. Corri para a estação de rádio e passei uma mensagem para o senhor Berta: ‘PPCDS acidentado, perda total, ignoramos o número de vítimas’”, conta.

Se não fosse a sua disposição por sobreviver, eu não estaria aqui para contar esta história. Nem ele estaria aqui para seguir estampando páginas de jornal, revista e internet – atual ofício que exerce com afinco. Como um palhaço que tira graça até mesmo da tristeza, meu pai tira forças até mesmo da sua enorme fragilidade.

É o melhor palhaço do mundo."

Mande a sua história relacionada ao drama do Caso Aerus para o e-mail avioesabatidos@gmail.com. Teremos o maior prazer em compartilhá-la. Não esqueçam de opinar no "Plebiscito Aviões Abatidos" no topo do blog, já ultrapassamos os 3 mil votos.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Carta do leitor

O blog tem recebido depoimentos de diversas partes do Brasil. Vale à pena compartilhar com vocês o recado de Francisco Santos Nunes. Ele fala diretamente do Norte do País.

“Eu me chamo NUNES, nome que carreguei na camisa e no coração, enquanto funcionário da nossa velha Varig. Há quatro anos que também sofro junto com os demais colegas. Para continuar a sobreviver, tive que me desfazer de tudo que tinha conquistado com o meu suor e trabalho. Temos esperança, quando vemos esse tipo de atitude como essa que vocês tiveram. Sou do Norte do Brasil, mas isso não me faz menos variguiano, eu me considerava um soldado da Varig, ia pra onde me destacavam, era para fronteira ou para a Europa, não tinha problema, eu estava sempre de malas prontas. Salvamos vidas, ajudamos repórteres em seus trabalhos, levamos remédios, sem cobrar um centavo a mais do valor de suas passagens. Comecei como simples atendente no aeroporto, cheguei a gerente de aeroporto III. A dor da perda da nossa empresa, foi como perder um pai, uma mãe.

Quando falo que nós da Varig salvamos vidas e ajudamos repórteres, me refiro ao que está escrito no livro de Marcos Losekann, Ronco da Pororoca, página 58, se não me engano. Lá fala do episódio que ocorreu comigo e o Marcos Losekann, da Globo, que hoje está na Inglaterra. Naquela época, sem desmerecer a classe médica, o melhor médico da região (Acre) era a Varig, porque se nós chegássemos a tempo com o passageiro enfermo em Goiânia ou São Paulo, o paciente estava praticamente salvo. Tínhamos o passageiro como nosso melhor amigo, não só como cliente. Hoje, quando estou na condição de passageiro, não sinto a mesma coisa.

Um forte abraço e sucesso na causa.”


Sobre a carreira de Nunes: “Comecei em Manaus, em 1979 como despachante IV, passei a ser SAE (Serviço de Atendimento Especial), e cheguei a exercer o cargo de gerente de aeroporto de 1992 a 2001 em Rio Branco, AC- São Luis, MA, de 2001 a 2006 e cheguei até ser gerente interino em Copenhague, DK.”

Estamos felizes de conseguir colocar esperança na vida de milhares de aposentados de todo o Brasil. O blog Aviões Abatidos estará recebendo, de braços abertos, depoimentos como esse pelo e-mail avioesabatidos@gmail.com.

Fique a vontade para enviar a sua contribuição e contar a sua história.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

“Eu merecia outra vida”

O Senhor Germino, ou Seu Gegê como é conhecido, foi um sócio fundador do fundo de pensão Aerus. Após mais de 20 anos contribuindo com o seu salário, todo o mês, para o fundo Aerus, Gegê hoje é obrigado a suplicar por um dinheiro que é seu POR DIREITO. No YouTube, ele conta um pouco sobre a sua trajetória na Varig e fala sobre a tristeza que vive nesses últimos quatros anos sem a ajuda financeira da aposentadoria complementar. “Eu merecia outra vida, sou sócio-fundador do Aerus, tenho diploma, eles disseram que o que tiraram (do salário) o governo ia me devolver...”, conta o aposentado. Veja o vídeo:



Obs: As vozes que aparecem entrevistando o Seu Gegê são dos Comissários Aposentados da Varig Antonio Melo e Paulo Resende.

Milhares de pessoas e famílias vivem assim como o Seu Gegê, esperando que o Governo cumpra com a sua obrigação. Eles não tem tempo para esperar, Seu Gegê, por exemplo, está com 86 anos.

Obrigado pela visita!